quinta-feira, 30 de outubro de 2008

5ª Marcha a Brasília no dia 3 de dezembro


*CUT e centrais defendem investimento público e valorização do trabalho como vacina para a crise
Escrito por Leonardo Severo
29/10/2008

Em reunião realizada na manhã desta quarta-feira (29), na sede nacional da Central Única dos Trabalhadores, as seis centrais sindicais (CUT, Força, CGTB, CTB, NCST e UGT) sublinharam a importância do investimento público e da valorização do trabalho como elementos decisivos para impulsionar o desenvolvimento do mercado interno no enfrentamento à crise internacional gerada pela especulação.

Diante da nova conjuntura externa, explicou o secretário geral da CUT, Quintino Severo, há uma avaliação comum das centrais de que a 5ª Marcha Nacional a Brasília deverá enfatizar a luta por medidas de combate à crise - como a redução dos juros - e de fomento aos investimentos nas áreas sociais e de infra-estrutura, garantindo emprego, salário e direitos.

"Com a recessão batendo nos EUA, Europa e Japão, e vindo para a América Latina, precisamos priorizar iniciativas em defesa do nosso mercado interno, com uma resposta firme do Estado brasileiro em apoio à classe trabalhadora e ao setor produtivo. As centrais têm propostas, já amplamente debatidas na Jornada pelo Desenvolvimento, e que precisam ser implementadas para que os trabalhadores não paguem a conta da crise que é do sistema capitalista e de sua lógica especulativa", declarou Quintino.

A secretária Nacional Sobre a Mulher Trabalhadora, Rosane Silva, frisou que o momento acirra a disputa entre dois projetos antagônicos, "onde nós defendemos contrapartidas sociais para os investimentos, salário, empregos, direitos, enquanto a direita quer retirar conquistas, manter o lucro do capital ampliando a exploração da mão-de-obra. É isso o que não podemos permitir". Para Rosane, "mais do que salvaguardas às empresas, temos de dar garantias ao trabalhador".

As centrais vão pedir uma audiência com o presidente Lula e divulgarão nas próximas horas nota conjunta alertando o governo federal para a necessidade de redução dos juros e manutenção dos programas sociais e das políticas públicas, para que não sejam afetados os investimentos em infra-estrutura, transporte e saneamento, consideradas áreas sensíveis e geradoras de emprego.

Entre as reivindicações das centrais encontram-se a redução da jornada de trabalho sem redução de salário - medida que deve gerar mais de 2,2 milhões de empregos, sendo o Dieese -, a ratificação das Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a 151 - que assegura o direito à negociação coletiva no serviço público - e a 158 - que coíbe a demissão imotivada -, e o fim do fator previdenciário, mecanismo cruel inventado pelos tucanos para dificultar e arrochar aposentadorias. A Marcha também vai erguer a bandeira do reajuste da tabela do Imposto de Renda, fazendo justiça tributária a partir de novas faixas de contribuição com descontos progressivos; da defesa do Piso Salarial Nacional do Magistério, fundamental para a melhoria da qualidade do ensino; e a defesa do patrimônio nacional do Pré-sal para o povo brasileiro.

Em nome da União Geral dos Trabalhadores, Eduardo Rocha alertou que já se fazem projeções da queda do PIB para o próximo ano, "e nós sabemos da tragédia que isso significa para o trabalhador: retração, achatamento salarial, rotatividade, desemprego". Daí, revelou, "a importância da nossa luta para reduzir os juros, para reduzir a jornada, para ampliar as medidas de segurança do trabalhador e impedir que os prejuízos sejam socializados".

Representando a Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna) sublinhou o papel da mobilização unitária para remover os obstáculos existentes nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, garantindo que a pauta dos trabalhadores seja atendida e implementada. "Temos de jogar peso em Brasília", enfatizou.

Para Pascoal Carneiro, da direção da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), "a mobilização em Brasília vai defender os interesses dos trabalhadores, sendo contra qualquer benefício para quem faliu o sistema. A alternativa não é atender o sistema financeiro, mas o setor produtivo. Temos alternativa: afirmar o desenvolvimento com distribuição de renda, com valorização do trabalho, com garantia de direitos".

Dirigente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (CTTB), Moacyr Auersvald defendeu que as centrais elaborem um documento conjunto, com a contribuição do Dieese, para ser apresentado ao governo, elencando medidas emergenciais.

A 5ª Marcha Nacional a Brasília terá como tema "Desenvolvimento e valorização do trabalho", com concentração prevista para o Estádio Mané Garrincha, de onde cerca de 30 mil manifestantes sairão em passeata até o Congresso Nacional. As centrais sindicais internacionais serão convidadas para se somar ao ato.

*retirado do site da CUT - www.cut.org.br

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