quarta-feira, 15 de setembro de 2010

José Serra - O mais exilado de todos




A história do Brasil é rica em episódios que muito dizem das convicções e crenças de seus cidadãos. A anistia de 1979 é uma delas. A anistia foi o resultado de uma luta que envolveu muita gente deste país para que aqueles que haviam sido perseguidos e exilados pela ditadura militar pudessem ser reintegrados e voltar a ser cidadãos brasileiros. Naqueles anos, entre aqueles mais lembrados pelos brasileiros e temidos pelos que usurpuram o poder em 1964 estavam nomes como Leonel Brizola, Luiz Carlos Prestes, Gregório Bezerra, João Amazonas, entre outros. Mas, quando adquirimos o primeiro fascículo de uma série dedicada à obra de Chico Buarque de Holanda, publicada pela editora Abril, ficamos sabendo que havia apenas um exilado: José Serra... (que, curiosamente, voltara um ano antes da lei de anistia, enquanto os acima citados somente voltam em 1979, depois da lei de anistia; ou seja, não existia mais nada contra ele por parte da ditadura militar [aliás. como é isso mesmo?...).
A imagem é desta versão sobre o único exilado.
(Texto de Roberto)

sábado, 11 de setembro de 2010

Carta Aberta ao Jornal O Globo


Hoje, no início da tarde, resolvi num rompante escrever essa carta a'O Globo, encerrando minha assinatura. Surpreendi-me com a publicação da mesma no blog RS Urgente, do brilhante jornalista Marco Aurélio Weissheimer, e com a repercussão na web. Pois bem, resolvi publicá-la aqui também.

Carta Aberta ao jornal O Globo

Comecei a ler O Globo diariamente aos 6 anos de idade. Meus pais, leitores “compulsivos” (como se diz por aí, “minha mãe lê até bula de remédio”), eram assinantes do jornal e o hábito de iniciar o dia folheando as páginas d’O Globo foi rapidamente imitado por mim. Primeiro os quadrinhos, depois o caderno de esportes, até passar a ler o jornal “de cabo a rabo”. Conservei essa rotina por longos 24 anos. Até o dia de hoje, mantive o costume de iniciar o meu dia “sujando os dedos de tinta”, manuseando o papel.
É fato que, nos últimos anos, passei a fazê-lo sem o menor prazer. A notícia cada vez mais editorializada, os toscos subterfúgios para disfarçar os interesses econômicos e a opinião conservadora debaixo de um falso manto de “imparcialidade” cada vez mais difícil de sustentar.
Não que eu tivesse ilusões de ser O Globo um jornal isento. Sei das relações promíscuas dos membros do clã Marinho com os porões da ditadura civil-militar; guardo na memória o apoio às privatizações, o imenso destaque aos colunistas que vomitam obviedades preconceituosas e são louvados como “formadores de opinião” (de quem, cara pálida?), mas frente à decadência do velho JB (que, enfim, fechou suas portas, depois de longa agonia) e a fragilidade dos demais jornais, O Globo resistiu como alternativa de informação.
No entanto, frente ao processo de transformações que o Brasil viveu (e vive) durante o governo Lula, vocês ultrapassaram os limites do bom senso. Transformaram-se em um panfleto sujo, jogaram todos os manuais de jornalismo no lixo, assumiram o papel de “bastião da resistência” que os frágeis partidos de direita não conseguiram sustentar. Passaram a utilizar suas páginas para antecipar os discursos que os jereissatis, fruets e virgílios, espumando de raiva, despejavam nas tribunas no dia seguinte.
Passei bons anos justificando para mim mesmo a manutenção da assinatura. A ausência de uma alternativa que me permitisse manter o hábito de ler um jornal impresso, a necessidade de saber o que “eles” (a direita retrógrada, anti-povo) pensam, os dois artigos semanais do Veríssimo...
Hoje resolvi encerrar o amargo ciclo de masoquismo e autoflagelação que se tornou a leitura d’O Globo. Os frágeis argumentos em que me agarrei aparecem ainda mais patéticos quando confrontados com a realidade: estou ajudando a financiar uma peça publicitária para a campanha do Serra. O Globo, há anos, deixou de ser um jornal digno do nome.
Vejamos: nos últimos dias, um escândalo de enormes proporções atingiu o governo tucano do RS. Qual o espaço destinado à cobertura do caso? Por que a prisão do governador do Amapá justifica a inclusão de uma foto do Lula na capa? O princípio da isenção não deveria fazer com que a “arapongagem” do governo Yeda (que espionava até crianças!) também surgisse na capa acompanhada de uma foto do Serra?
Poderia listar, no mínimo, um caso de jornalismo marrom por dia publicado nas páginas d’O Globo nos últimos 10 anos. E, ao mesmo tempo, sou incapaz de dizer qualquer coisa que beire a racionalidade para justificar a minha permanência como um finaciador dessa sujeira.
O fato é que, felizmente, hoje existem inúmeras opções de comunicação ao alcance de um “clique”. Uma ampla rede democrática de comunicação social constituiu-se na internet, várias vezes com maior agilidade de informação (“furando” os jornalões comprometidos com a vontade dos seus donos e com o lucro, e não com a liberdade de imprensa), e, sem sombra de dúvida, muito mais comprometida com a veracidade dos fatos.
Por último, quero me solidarizar com os vários profissionais que aí trabalham por necessidade e que não compactuam com a farsa que o jornal se transformou. Talvez, se o jornal admitisse que tem “lado” e o expressasse de forma mais explícita nos editoriais, sem manipular a pauta inteira de cada edição (como fazem veículos mais respeitáveis, como a Carta Capital), eu não estivesse hoje escrevendo essa carta. Mas prefiro pagar para ser enganado levando o meu filho em shows de ilusionismo, ao invés de servir como número nas estatísticas de assinantes que o setor comercial d’O Globo apresenta para os seus ricos anunciantes.

Bernardo Cotrim
Ex-leitor

PS: Como sei que minha carta nunca será publicada por vocês, tomo a liberdade de divulgá-la para os meus amigos e familiares. Talvez existam outras pessoas tão indignadas quanto eu, precisando apenas de um “empurrãozinho”.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sobre dinheiro público e outras coisas que não dão em árvore

Hoje, exatamente um dia após o 'Centenada' do Curintia (a piada é muito boa pra passar... mas todo respeito aos manos) voltamos àquela discussão embrionário do Brasil - isentar ou não isentar no fisco.

Antes quando tudo era feito na cara dura e na sacanagem. No tempos de Laudo Natel e outros bichos o SPFC ganhou terreno no Morumbi, ganhou soldados-pedreiros do governador, mas eram outros tempos, ficou por isso mesmo e o Cícero Pompeu de Toledo tá lá privadissímo. Afinal quem vai levantar dúvidas de time tão ilibado, profissional, modelo de modernidade tupiniquim?

Agora, pelo milésima vez, parece que o sonho dos irmão vai sair do papel e o Corinthians vai ter ser próprio estádio, lá em Itaquera - é nóis que tá! Só que tanto para o time do povo como para Internacional de Porto Alegre e Clube Atlético Paranaense o discurso é: Não haverá dinheiro público em estádios privados.

Mas haverá isenção de impostos para as obras, o que conforme notícia da Folha, baratearia o custo final em 20%. UMA PUTA FALTA DE SACANAGEM COM OS OUTROS TIMES?

Contudo, temos de nos lembrar que quem trouxe essa Copa pro nosso quintal não foi o time do povo, o colorado ou a galera do furacão, foi o nosso governo federal que derrepentemente (como diz o mano) percebeu que no Brasil existem importantes cidades que não tem estádios públicos ou esses estádios públicos não podem receber as reformas desejadas (vide Pacaembu).

O que fazer? Largar de mão dessa Copa e ir trabalhar?

Coleguinhas, ingenuidade mata e até o Bourdieu, que tá mais frio que câmara de açougue, sabe que se o Brasil quer ocupar um lugar de destaque nesses anos vindouros não é só no campo econômico e político que as coisas acontecem. O campo esportivo tem sua importância inalienável nos nossos tempos, traz consigo representações simbólicas, é entretenimento de massas e espaço da formação de subjetividade dos indivíduos. E quem não acredita é porque nunca tomou ônibus, nunca conversou com o seu porteiro ou é um indivíduo isento de emoção tal qual um picolé frutare!

E essa farra do dinheiro, até onde vai?

Como em qualquer outro espaço até a gente se organizar, reclamar, bater lata, bater em dirigente amador safado, até termos um TCU honesto que jogue junto do povo e não dos aproveitadores do dinheiro público.

Afinal continuamos esperando o fechamento das contas do Panamericano do Rio de Janeiro. O tempo passa, mas a gente não esquece!