domingo, 2 de novembro de 2008
Fim de semana movimentado
Postado por
Eduardo Louzada
Não poderia ir dormir sem dar alguns pitacos sobre os destaques futebolísticos e automobilísticos do fim de semana.
Para início de conversa, não sou um dos que ficaram lamentando a perda do título mundial do brasileiro Felipe Massa. Não suporto a babaquice de grande parte da mídia (leia-se, rede Globo) de creditar as derrotas tupiniquins aos erros de equipe, ao azar, ao além... não conseguem reconhecer a superioridade dos adversários. Hoje, Lewis Hamilton tornou-se o primeiro negro e mais jovem piloto campeão da F1. Foi brilhante ao longo de toda temporada. Esse é fenômeno! Como não sou da turma do Galvão, fiquei satisfeito em ver que depois de tanto tempo o Brasil voltou a ter um piloto competitivo na F1, mas que ao longo da temporada foi irregular e não soube aproveitar as chances que teve para liderar o campeonato. Posso estar me precipitando, mas acho que Hamilton vai decolar para muitos títulos mundiais... e vai contar com a minha torcida!
Já no futebol, teve de tudo. Imaginem um time que tem entre seus destaques Athirson e Gavilan... é a Lusa, que sem o craque do time Fellype Gabriel (ele mesmo!), por pouco não impõe mais um revés ao meu flamengo em pleno maracanã. Arrancamos o empate no fim e só nos restou brigar pela vaga na Libertadores, que não é muito a praia de Caio Jr. Estou pessimista.
O título, nesse caso o hexa, deve ficar nas mãos do time que joga o melhor futebol feio do campeonato. O São Paulo de Muricy assumiu a ponta e dificilmente vai deixar escapar na reta final, principalmente com a boa parceria que conseguiram com a Comissão de Arbitragem.
Na contramão do tricolor paulista vem o tricolor gaúcho. Nenhuma surpresa, porque o time dirigido por Celso Roth é fraquinho demais. Em tempo: Celso Roth já foi chamado de burro nesse campeonato??? Se não, pode ser um fato inédito em sua carreira.
Já o tricolor carioca conseguiu perder para a poderosa equipe do Vasco. Eram jogados 30 minutos quando o trapalhão Fernandão saiu machucado... então Odivan entrou para dar segurança à defesa mais vazada do campeonato! Acreditem, o tricolor foi incapaz de furar as redes vascaínas uma vez sequer! Como castigo, Wagner Diniz (que só cavou um pênalti durante o jogo) fez o gol que deixou o bacalhau juntinho com o Flu... na merda.
A grande surpresa aconteceu no Serra Dourada, onde o mesmo Goiás que havia tomado uma enfiada de 4 a 2 do Vasco, meteu 3 a 0 no cruzeiro com 15 minutos de jogo! Acho que depois dessa o PVC vai mudar seu palpite para o campeão.
Pra fechar, um comentário do Bernardo sobre o jogo Grêmio x Figueirense:
" O que passou na cabeça do árbitro ao marcar um sobrepasso do goleiro Wilson (que resultou no gol de empate do grêmio)? Esse juiz tem que ser preso! Já imaginou se ele resolver aplicar o mesmo critério no jogo do São Paulo? Vai ter que marcar uns 50 sobrepassos do Rogério Ceni!"
Kucinsky dando pau na Folha
Postado por
Bernardo Cotrim
Resolvi copiar do site da Agência Carta Maior (link aqui ao lado, na coluna de sites recomendados) este artigo do Bernardo Kucinsky, brilhante intelectual e militante de esquerda muito admirado pelos colaboradores deste blog. O motivo? Vários. Um deles é que ninguém bate tão bem na mídia brasileira. Leiam e comentem.
DEBATE ABERTO
Um dia na vida da Folha de S. Paulo
De como um dos maiores diários do país vem se especializando em inverter o sentido dos fatos. O jornal torce os fatos porque está torcendo pelos mesmos, em vez de tentar retratá-los com a maior precisão e contextualização possível.
Bernardo Kucinski
O dia é quinta, 30 de Outubro de 2008. Mas podia ser qualquer outro. Nessa quinta, o desprezo da Folha pelos seus leitores superou-se com a reportagem “Luz para Todos não cumpre a meta de dois milhões". Minha mulher, que já vinha se aborrecendo com a Folha, fechou as páginas, irritada: “Esse jornal pensa que somos idiotas”.
Começa pela foto que encima a história, uma cena de escuridão no Congresso Nacional, que não tem nada nadinha a ver com o programa Luz para Todos. Depois vem o título, enorme, em quatro colunas, numa página nobre do jornal, chamando de fracassado um programa que os números da reportagem revelam estar sendo um dos maiores sucessos do governo Lula.
O Luz para Todos atingiu até a semana anterior à publicação da matéria, nada menos que 1, 744 milhão de famílias. São famílias, por definição, localizadas em regiões remotas, pequenos vilarejos que as concessionárias não serviam por não ser econômico.
Mesmo se ficasse só nisso, já seria um feito excepcional. Não só pelo número absoluto de famílias e comunidades beneficiadas, mas também pelo fato de quase 90% da meta ter sido alcançada - meta essa que já era bastante ambiciosa.
Foi tão forte o desejo de narrar um fracasso que o repórter excluiu do seu argumento sobre o não cumprimento da meta deste ano o fato relevante de que o ano ainda não terminou. Só lá em baixo, no pé da reportagem, separadas propositalmente do argumento principal da narrativa, está a informação de que já há mais R$ 13 bilhões em contratos fechados, sendo R$ 9,4 bilhões do governo federal, R$ 1,6 bilhão dos governos estaduais e R$ 1,9 bilhão das concessionárias. O sucesso é tanto que o Ministério de Minas e Energia já pensa em ampliar a meta em mais 1,1 milhão de famílias entre 2009 e 2010. (1)
Na mesma edição, a Folha relata outro retumbante “fracasso” do governo Lula. “Gastos do governo com o PAC caem 70%”. O título é de quatro colunas ocupando também o topo de página. Um gráfico de pagamentos do PAC revela investimentos crescentes ao longo do ano, exceto pequena redução em junho, e as quedas que deveriam justificar o título, em setembro e outubro.
De pronto está a desonestidade do título. Gastos só caíram nos últimos dois meses. E mais: caíram de forma brusca. A explicação está lá, escondida, no meio da própria reportagem: as chuvas de setembro e a greve dos servidores do Departamento Nacional de Infra-estrutura (DNIT) que “bloqueou pagamentos e todas as demais fases da gastos durante três semanas...” (2). Um título mais preciso seria na linha de ”greve paralisa obras do PAC”. Mas esse título não serviria ao propósito aparente de retratar um governo inoperante e incompetente.
Manipulação de números repetiu-se no título de página inteira ”Diminuem as vendas em supermercados”. O segundo parágrafo, aliás atropelado, diz que “a queda nas vendas em setembro, além de ser sazonal, ocorreu porque, em agosto, houve queda nos preços de alguns alimentos, o que resultou em alta no consumo daquele mês...”
Afinal, se em agosto os preços caíram, significa que o povo estocou, com isso comprando menos em setembro? Além dessa confusão, o jornal admite que comparou dois meses incomparáveis. Agosto teve 31 dias e cinco finais de semana. Setembro teve apenas 30 dias e quatro fins de semana. Os fins de semana concentram as idas aos supermercados para as compras maiores do mês.
Só o ajuste sazonal do número de dias de cada mês daria uma “diminuição” de 2,2% no faturamento de setembro em relação a agosto. E mais: lá adiante, em outro parágrafo, está escrito que o preço médio de uma cesta com 35 produtos caiu 1,25% em setembro, em relação a agosto. E nem consideramos ainda que setembro teve um fim de semana a menos. Portanto a queda de 5,6% no faturamento foi inferior ao que se deveria esperar pelo menor número de dias, menor número de fins de semana, e preços menores dos alimentos. O oposto do que o titulo dá a entender.
É isso que se chama inversão dos sentidos, truque que vem se tornando especialidade desse jornal. Na história do Luz para Todos o objetivo aparente é passar a idéia de um governo que não cumpre promessas e na reportagem da redução do ritmo do PAC, o objetivo é caracterizar um governo incompetente.
Há uma outra dimensão ainda mais interessante nessas manipulações: as duas reportagens saíram na véspera do evento em que o governo prestaria contas dos programas, quando o correto seria usar as informações para questionar a prestação de contas, não deixar o governo falando sozinho. Isso seria bom jornalismo. Por que o jornal se antecipou?Sua intenção aparente e nada modesta foi a de esvaziar a prestação de contas do governo. Ou seja: o jornal quis pautar a agenda nacional e/ou negar ao governo seu potencial de pautar essa agenda.
O jornal torce os fatos porque está torcendo pelos fatos, em vez de tentar retratá-los com a maior precisão e contextualização possível. A matéria do PAC é mais uma de toda uma torcida do jornal contra o programa, desde o seu início.
Já a reportagem sugerindo falsamente que o povo está comprando menos comida, além de usar como referência um dado (faturamento) que interessas apenas aos proprietários dos supermercados, faz parte de uma nova e preocupante torcida da Folha: a torcida para que a crise dos bancos chegue logo ao Brasil. Esse catastrofismo vem marcando a cobertura de toda a mídia. Mas também nisso a Folha vem se superando.
(1) No dia seguinte, a Folha voltou ao assunto em pequena nota na qual a ministra Dilma Rousseff, diz que faltarão apenas 100 mil famílias para a meta deste ano. Ou seja o programa terá cumprido 95% de sua meta. Mesmo assim, o jornal manteve a narrativa do fracasso.
(2) Também nesse caso a Folha voltou ao assunto no dia seguinte com o titulo: “Planalto culpa greves por ritmo menor de obras.” O jornal não contesta o argumento. Ao contrário, reforça-o dizendo que “conforme o jornal informou ontem, a greve de três semanas no DNIT paralisou todas as etapas dos gastos em obras de conservação, manutenção e construção de rodovias, responsáveis pela maior parcela dos investimentos do PAC.”
Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).
DEBATE ABERTO
Um dia na vida da Folha de S. Paulo
De como um dos maiores diários do país vem se especializando em inverter o sentido dos fatos. O jornal torce os fatos porque está torcendo pelos mesmos, em vez de tentar retratá-los com a maior precisão e contextualização possível.
Bernardo Kucinski
O dia é quinta, 30 de Outubro de 2008. Mas podia ser qualquer outro. Nessa quinta, o desprezo da Folha pelos seus leitores superou-se com a reportagem “Luz para Todos não cumpre a meta de dois milhões". Minha mulher, que já vinha se aborrecendo com a Folha, fechou as páginas, irritada: “Esse jornal pensa que somos idiotas”.
Começa pela foto que encima a história, uma cena de escuridão no Congresso Nacional, que não tem nada nadinha a ver com o programa Luz para Todos. Depois vem o título, enorme, em quatro colunas, numa página nobre do jornal, chamando de fracassado um programa que os números da reportagem revelam estar sendo um dos maiores sucessos do governo Lula.
O Luz para Todos atingiu até a semana anterior à publicação da matéria, nada menos que 1, 744 milhão de famílias. São famílias, por definição, localizadas em regiões remotas, pequenos vilarejos que as concessionárias não serviam por não ser econômico.
Mesmo se ficasse só nisso, já seria um feito excepcional. Não só pelo número absoluto de famílias e comunidades beneficiadas, mas também pelo fato de quase 90% da meta ter sido alcançada - meta essa que já era bastante ambiciosa.
Foi tão forte o desejo de narrar um fracasso que o repórter excluiu do seu argumento sobre o não cumprimento da meta deste ano o fato relevante de que o ano ainda não terminou. Só lá em baixo, no pé da reportagem, separadas propositalmente do argumento principal da narrativa, está a informação de que já há mais R$ 13 bilhões em contratos fechados, sendo R$ 9,4 bilhões do governo federal, R$ 1,6 bilhão dos governos estaduais e R$ 1,9 bilhão das concessionárias. O sucesso é tanto que o Ministério de Minas e Energia já pensa em ampliar a meta em mais 1,1 milhão de famílias entre 2009 e 2010. (1)
Na mesma edição, a Folha relata outro retumbante “fracasso” do governo Lula. “Gastos do governo com o PAC caem 70%”. O título é de quatro colunas ocupando também o topo de página. Um gráfico de pagamentos do PAC revela investimentos crescentes ao longo do ano, exceto pequena redução em junho, e as quedas que deveriam justificar o título, em setembro e outubro.
De pronto está a desonestidade do título. Gastos só caíram nos últimos dois meses. E mais: caíram de forma brusca. A explicação está lá, escondida, no meio da própria reportagem: as chuvas de setembro e a greve dos servidores do Departamento Nacional de Infra-estrutura (DNIT) que “bloqueou pagamentos e todas as demais fases da gastos durante três semanas...” (2). Um título mais preciso seria na linha de ”greve paralisa obras do PAC”. Mas esse título não serviria ao propósito aparente de retratar um governo inoperante e incompetente.
Manipulação de números repetiu-se no título de página inteira ”Diminuem as vendas em supermercados”. O segundo parágrafo, aliás atropelado, diz que “a queda nas vendas em setembro, além de ser sazonal, ocorreu porque, em agosto, houve queda nos preços de alguns alimentos, o que resultou em alta no consumo daquele mês...”
Afinal, se em agosto os preços caíram, significa que o povo estocou, com isso comprando menos em setembro? Além dessa confusão, o jornal admite que comparou dois meses incomparáveis. Agosto teve 31 dias e cinco finais de semana. Setembro teve apenas 30 dias e quatro fins de semana. Os fins de semana concentram as idas aos supermercados para as compras maiores do mês.
Só o ajuste sazonal do número de dias de cada mês daria uma “diminuição” de 2,2% no faturamento de setembro em relação a agosto. E mais: lá adiante, em outro parágrafo, está escrito que o preço médio de uma cesta com 35 produtos caiu 1,25% em setembro, em relação a agosto. E nem consideramos ainda que setembro teve um fim de semana a menos. Portanto a queda de 5,6% no faturamento foi inferior ao que se deveria esperar pelo menor número de dias, menor número de fins de semana, e preços menores dos alimentos. O oposto do que o titulo dá a entender.
É isso que se chama inversão dos sentidos, truque que vem se tornando especialidade desse jornal. Na história do Luz para Todos o objetivo aparente é passar a idéia de um governo que não cumpre promessas e na reportagem da redução do ritmo do PAC, o objetivo é caracterizar um governo incompetente.
Há uma outra dimensão ainda mais interessante nessas manipulações: as duas reportagens saíram na véspera do evento em que o governo prestaria contas dos programas, quando o correto seria usar as informações para questionar a prestação de contas, não deixar o governo falando sozinho. Isso seria bom jornalismo. Por que o jornal se antecipou?Sua intenção aparente e nada modesta foi a de esvaziar a prestação de contas do governo. Ou seja: o jornal quis pautar a agenda nacional e/ou negar ao governo seu potencial de pautar essa agenda.
O jornal torce os fatos porque está torcendo pelos fatos, em vez de tentar retratá-los com a maior precisão e contextualização possível. A matéria do PAC é mais uma de toda uma torcida do jornal contra o programa, desde o seu início.
Já a reportagem sugerindo falsamente que o povo está comprando menos comida, além de usar como referência um dado (faturamento) que interessas apenas aos proprietários dos supermercados, faz parte de uma nova e preocupante torcida da Folha: a torcida para que a crise dos bancos chegue logo ao Brasil. Esse catastrofismo vem marcando a cobertura de toda a mídia. Mas também nisso a Folha vem se superando.
(1) No dia seguinte, a Folha voltou ao assunto em pequena nota na qual a ministra Dilma Rousseff, diz que faltarão apenas 100 mil famílias para a meta deste ano. Ou seja o programa terá cumprido 95% de sua meta. Mesmo assim, o jornal manteve a narrativa do fracasso.
(2) Também nesse caso a Folha voltou ao assunto no dia seguinte com o titulo: “Planalto culpa greves por ritmo menor de obras.” O jornal não contesta o argumento. Ao contrário, reforça-o dizendo que “conforme o jornal informou ontem, a greve de três semanas no DNIT paralisou todas as etapas dos gastos em obras de conservação, manutenção e construção de rodovias, responsáveis pela maior parcela dos investimentos do PAC.”
Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).
Vannuchi vai pedir à AGU que reveja postura de assumir defesa do ex-coronel Ustra*
Postado por
André Casotti Louzada
Por Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse que irá pedir à Advocacia Geral da União uma reconsideração sobre a decisão de defender o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como torturador no período em que dirigiu o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/Codi) do Exército, com base em vários depoimentos de torturados. Na ação, Ustra e seu colega Audir dos Santos Maciel (já falecido) são acusados pela tortura de presos políticos e morte de, pelo menos, 64 deles, entre os anos de 1970 e 1976.
“Com a maior humildade, sem nenhum sentimento litigante, pedirei ao meu colega ministro [José Antonio Dias Toffoli, da AGU] que reveja, sim, e faça isso o mais urgentemente possível”, afirmou Vannuchi, após participar da entrega da 3ª edição do Prêmio Sócio Educando, no Ministério da Justiça, que valoriza práticas voltadas para a ressocialização de jovens e adolescentes em conflito com a lei.
Segundo Vannuchi, o documento apresentado pela AGU à 8ª Vara Federal Cível de São Paulo para justificar a posição do governo se mostra “equivocado” em três pontos. Primeiro, ao considerar que a Lei da Anistia protege torturadores e autores de crime continuado. Depois, ao dizer que o MPF invadiu alçada da advocacia privada por se tratar de direito individual. E terceiro, ao passar a idéia de que não há documentos nem arquivos a serem revelados, quando o assunto está sendo conduzido pela própria Casa Civil da Presidência da República.
“A tese de que a União não pode ser ré podia ser defendida com outros argumentos. Mas quando envolve pela AGU a abordagem de três componentes em que Ministério da Justiça, Casa Civil e [Secretaria Especial dos] Direitos Humanos têm posição publicamente contrárias, há um equívoco que precisa ser corrigido”, argumentou Vannuchi.
O ministro não descartou uma intervenção do presidente Lula para redefinir a questão: “Ele [Lula] definirá certamente como árbitro de qualquer disputa que haja de compreensão entre ministérios”, disse Vannuchi.
Ao se dizer “convicto” de que prevalecerá a tese defendida por sua secretaria, pela qual o governo deve esclarecimentos às famílias dos mortos e desaparecidos, Vannuchi recordou o que o presidente da República lhe falou, em dezembro de 2005, ao convidá-lo para o cargo. “Ele [Lula] falou: Paulo, já disse aos chefes militares que não vou passar para a história como o presidente que jogou uma pedra sobre esse assunto”, recordou o ministro.
Vannuchi garantiu não ter como principal objetivo a punição como restrição de liberdade para quem torturou. “Não há nenhum sentimento revanchista, não se trata de [pedir] cadeia. O que queremos assegurar é o direito de saber a verdade, jogar luz. Se o judiciário entender que não cabe punição, acataremos”, assinalou o ministro. “Torturadores e vampiros têm horror à luz, derretem diante da luz.. Então se alimentam das trevas, da escuridão, e da pedra em cima “, acrescentou.
O ministro ressaltou ainda que os esclarecimentos sobre os fatos ocorridos durante o período da ditadura militar não prejudicariam a imagem das Forças Armadas, pelo fato de elas viverem um outro momento histórico.
“Estamos abertos à reconciliação e ao diálogo. As Forças Armadas são completamente diferentes daquelas, têm a evolução de 20 anos de democracia, não se intrometem mais em assuntos, como deposição de governo constituído, estão em missão de paz e direitos humanos no Haiti, ajudam missões de direitos humanos nos estados brasileiros”, ressalvou o ministro Vannuchi.
Repórter da Agência Brasil
O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse que irá pedir à Advocacia Geral da União uma reconsideração sobre a decisão de defender o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como torturador no período em que dirigiu o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/Codi) do Exército, com base em vários depoimentos de torturados. Na ação, Ustra e seu colega Audir dos Santos Maciel (já falecido) são acusados pela tortura de presos políticos e morte de, pelo menos, 64 deles, entre os anos de 1970 e 1976.
“Com a maior humildade, sem nenhum sentimento litigante, pedirei ao meu colega ministro [José Antonio Dias Toffoli, da AGU] que reveja, sim, e faça isso o mais urgentemente possível”, afirmou Vannuchi, após participar da entrega da 3ª edição do Prêmio Sócio Educando, no Ministério da Justiça, que valoriza práticas voltadas para a ressocialização de jovens e adolescentes em conflito com a lei.
Segundo Vannuchi, o documento apresentado pela AGU à 8ª Vara Federal Cível de São Paulo para justificar a posição do governo se mostra “equivocado” em três pontos. Primeiro, ao considerar que a Lei da Anistia protege torturadores e autores de crime continuado. Depois, ao dizer que o MPF invadiu alçada da advocacia privada por se tratar de direito individual. E terceiro, ao passar a idéia de que não há documentos nem arquivos a serem revelados, quando o assunto está sendo conduzido pela própria Casa Civil da Presidência da República.
“A tese de que a União não pode ser ré podia ser defendida com outros argumentos. Mas quando envolve pela AGU a abordagem de três componentes em que Ministério da Justiça, Casa Civil e [Secretaria Especial dos] Direitos Humanos têm posição publicamente contrárias, há um equívoco que precisa ser corrigido”, argumentou Vannuchi.
O ministro não descartou uma intervenção do presidente Lula para redefinir a questão: “Ele [Lula] definirá certamente como árbitro de qualquer disputa que haja de compreensão entre ministérios”, disse Vannuchi.
Ao se dizer “convicto” de que prevalecerá a tese defendida por sua secretaria, pela qual o governo deve esclarecimentos às famílias dos mortos e desaparecidos, Vannuchi recordou o que o presidente da República lhe falou, em dezembro de 2005, ao convidá-lo para o cargo. “Ele [Lula] falou: Paulo, já disse aos chefes militares que não vou passar para a história como o presidente que jogou uma pedra sobre esse assunto”, recordou o ministro.
Vannuchi garantiu não ter como principal objetivo a punição como restrição de liberdade para quem torturou. “Não há nenhum sentimento revanchista, não se trata de [pedir] cadeia. O que queremos assegurar é o direito de saber a verdade, jogar luz. Se o judiciário entender que não cabe punição, acataremos”, assinalou o ministro. “Torturadores e vampiros têm horror à luz, derretem diante da luz.. Então se alimentam das trevas, da escuridão, e da pedra em cima “, acrescentou.
O ministro ressaltou ainda que os esclarecimentos sobre os fatos ocorridos durante o período da ditadura militar não prejudicariam a imagem das Forças Armadas, pelo fato de elas viverem um outro momento histórico.
“Estamos abertos à reconciliação e ao diálogo. As Forças Armadas são completamente diferentes daquelas, têm a evolução de 20 anos de democracia, não se intrometem mais em assuntos, como deposição de governo constituído, estão em missão de paz e direitos humanos no Haiti, ajudam missões de direitos humanos nos estados brasileiros”, ressalvou o ministro Vannuchi.
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