segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Entrevista do Lula

Como esse blog aqui é peixe pequeno perto do Balaio do Kotscho, que além de ter 300 anos de profissão, é amigo pessoal do Lula, nos limitamos a copiar e colar a entrevista exclusiva que o presidente deu pra ele:

Balaio do Kotscho

Presidente Lula/Entrevista exclusiva: “Desgastar o governo é uma imbecilidade”

Apurados os votos, no dia seguinte à eleição cada um faz suas contas de quem ganhou e quem perdeu. Políticos e jornalistas de todas as latitudes fazem suas análises sobre os resultados.

Achei melhor para os leitores do Balaio ouvir a opinião de quem entende de política um pouco mais do que eu: o presidente da República, meu amigo Luiz Inácio Lula da Silva.

Logo cedo, ele me recebeu contente da vida, no escritório da Presidência da República em São Paulo, num prédio na esquina da rua Augusta com avenida Paulista. É que hoje Lula faz aniversário (63 anos) e, assim que saiu do elevador, encontrou amigos, assessores, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e um bolo de chocolate com morango.

De roupa esporte, com sua jaqueta predileta que tem o brasão da República, ele me levou até a sua sala. Enquanto o presidente comia um pedaço de bolo, falamos só de dois assuntos _ a eleição de domingo e a crise econômica sem data para acabar.

Em seguida, ele teria uma importante reunião com Meirelles para fazer um balanço dos efeitos da crise econômica no Brasil e no mundo. Falariam também sobre a importante reunião do G-8 ampliado, no próximo dia 15, em Washington, para a qual Lula foi convidado pelo presidente George Bush.

Os dois assuntos acabaram se misturando no meio da conversa, quando Lula criticou quem joga na crise para tirar dividendos políticos com vistas à eleição de 2010.

“Lamentavelmente, temos um grupo de pessoas no país que está pedindo a Deus para que a crise chegue logo ao Brasil para desgastar o governo. O que é uma enorme imbecilidade. O Brasil não merece ser prejudicado porque nós fizemos as coisas certas e não temos que pagar pelos erros dos outros”.

A seguir, a entrevista com o presidente Lula:

Balaio: Está todo mundo hoje fazendo contas e análises sobre quem ganhou as eleições municipais. Para o Presidente da República, qual foi o resultado mais importante?

Lula: Quem ganhou estas eleições foi o processo democrático brasileiro. Foi mais uma eleição que transcorreu da forma mais tranquila possível. E foi uma eleição atípica porque todos os candidatos, do DEM ao PT, defenderam as parcerias com o governo federal. Como o povo está satisfeito, ganharam todos os prefeitos de capitais que disputaram a reeleição, menos o Serafim Corrêa, em Manaus. O povo mostrou que sabia o que queria. Quer manter as obras que estão em andamento em cada cidade.

Balaio: Mas, do ponto de vista dos partidos, quem cresceu e quem perdeu votos nestas eleições?

Lula: Três partidos perderam: DEM, PSDB e PPS. Os três partidos da oposição foram os que perderam mais prefeituras. E os partidos da base do governo todos eles cresceram: PT, PMDB, PSB, PCdoB, PP, PTB, todos.

Balaio: Em número de votos e de prefeitos o grande vencedor foi o PMDB, que agora está sendo apontado como o fiel da balança para a sucessão presidencial em 2010.

Lula: Ainda é muito cedo para tirarmos conclusões sobre os resultados de domingo. Eu não trabalho assim com esta antecedência porque em política as coisas não funcionam automaticamente, uma eleição definindo a próxima. Eu me lembro do Mário Covas que teve uma grande votação para senador em São Paulo e foi apontado como futuro presidente da República, mas ficou em quarto lugar, em 1989. Quando o Quércia fez do Fleury seu sucessor em São Paulo, também saiu em capa de revista como futuro presidente, mas teve só 5% dos votos, em 1994. Não dá para fazer uma ligação robotizada entre 2008 e 2010. É incorrer num grande erro. Cada eleição tem sua própria história, seus próprios candidatos, uma é diferente da outra. É como no futebol. Eleição presidencial é um clássico, e clássico não tem favorito…

Balaio: Vamos mudar de assunto, presidente. A eleição já passou e agora todo mundo quer saber como ficará sua vida diante desta crise econômica globalizada. O que vai acontecer com o mundo? O que vai acontecer com o Brasil?

Lula: Com o mundo, eu não sei o que vai acontecer… A única coisa certa é que vamos ter esta importante reunião em Washington no dia 15 de novembro em que deverão ser tomadas medidas para controlar o sistema financeiro internacional. Temos que fazer a regulação porque ninguém pode brincar com a economia, a ponto de causar prejuízos para todas as pessoas do mundo, sem produzir nada, apenas com especulação.

Balaio: E como fica o Brasil nesta história?

Lula: Teoricamente, esta crise pode causar problemas ao Brasil, mas numa escala bem menor do que em outros países. No Brasil, temos um sistema financeiro mais sólido, não envolvido no sub-prime. Temos um mercado interno ascendente, com muitas obras financiadas pelo governo federal e por grandes empresas, como a Vale do Rio Doce e a Petrobras, que não vão diminuir seus investimentos. Temos uma exportação hoje muito diversificada, não dependendo apenas de um ou dois países. Agora, sabemos que está faltando crédito no mundo. Não há mais confiança entre os bancos, sequer para funcionar o interbancário (empréstimos de um banco a outro). Mas também neste aspecto o nosso governo, com suas reservas e o compulsório, com bancos públicos bastante sólidos, pode ajudar a combater os efeitos da crise. A Caixa, o Banco do Brasil e o BNDES vão cuidar de irrigar de crédito a economia.

Balaio: O que você diria para um cidadão brasileiro que te perguntasse se deve fazer um investimento ou esperar um pouco?

Lula: Falaria para ele investir. Outro dia, um sobrinho meu, o Rogério, que é caminhoneiro, veio me fazer esta pergunta. Ele estava na dúvida se deveria comprar um caminhão novo. Falei para ele: compra o caminhão.

Balaio: Mas nem todo mundo pensa assim. Alguns políticos e analistas econômicos já estão anunciando que a crise do fim do mundo está chegando por aqui e vai influir em 2010 …

Lula: Lamentavelmente, temos um grupo de pessoas no país que está pedindo a Deus para que a crise chegue logo ao Brasil para desgastar o governo. O que é uma imbecilidade, porque o Brasil não merece ser prejudicado. Nós fizemos as coisas certas e não temos que pagar pelos erros dos outros.

Balaio: Para terminar a nossa conversa, presidente: o que você gostaria de ganhar de presente de aniversário?

Lula: Já ganhei no sábado… O meu Coringão voltou pra primeira divisão…


Enviado por: Ricardo Kotscho - Categoria(s): Blog

Geléia Geral em campanha

Resolvemos acatar a sugestão que nos foi dada pela Sandra Schneider, brava socialista, petista das antigas e grande amiga deste blog, e estamos iniciando uma nova campanha política, aproveitando que o assunto eleitoral ainda está quentinho: com tantos apoios globais, tantos cantores e artistas, e com o seu notório "conhecimento da cidade" e tantas "idéias inovadoras" de "parcerias" com a iniciativa privada, temos certeza que Gabeira seria um excelente PREFEITO DO PROJAC!
Queremos convidar você para esta campanha que tem tudo para ser vitoriosa. Não temos dúvidas: Gabeira é o prefeito perfeito para uma cidade cenográfica.

Em qual planeta vivem os comentaristas da Globo?

As eleições estão encerradas em quase todos os municípios do país (faltando apenas um ou outro onde a barbárie imperou e a eleição foi anulada, como Santo Antônio de Pádua, aqui no RJ). A idéia não é publicar aqui um balanço detalhado, mas algumas coisas ditas na mídia saltam aos olhos (e aos ouvidos) de quem consegue juntar o coelhinho com a cenourinha.
Globo News: uma animada mesa passou quase todo o tempo discutindo a vitória do Serra/Kassab em São Paulo. Gabeira, o tucano verde derrotado no Rio, mereceu uma entrevista ENORME, e uma exposição muito maior do que o prefeito eleito nas urnas. Ainda teve cientista político dizendo que ele foi o grande vitorioso das eleições. Além disso, o clima geral era de tentativa de ensaiar um coro de derrota do PT, por conta das 3 capitais em que fomos derrotados hoje.
A minha "dúvida" é a seguinte: como é que um partido que ampliou de 18 prefeituras entre os 77 municípios com mais de 200 mil habitantes em 2004 para 21 em 2008 saiu derrotado? O PT é um dos partidos que mais cresceu, é o partido com o maior percentual de manutenção de prefeituras, o que elegeu mais prefeitos em capitais no primeiro turno e que estava presente no maior número de disputas de segundo turno. Agora eu quero saber: onde está a derrota?