No dia 03 de abril de 2010, o Instituto Vox Populi mediu que José Serra tem 34% das intenções de voto, contra 31% de Dilma Rousseff. Um pouco mais de um mês depois, o mesmo instituto divulga mudança no cenário: 37% dos eleitores votarão em Dilma e 34% em José Serra. Enquanto os militantes de cada um dos lados denunciavam fraudes, outro órgão de pesquisa confirma a vantagem da candidata sobre o ex-governador: Dilma aparece com 35,7% das intenções de voto e Serra com 33,2%. Num evidente esforço de se aproximar da opinião pública, o Datafolha divulgou no último dia 20 de maio o empate técnico entre os dois candidatos com 37% das intenções de voto cada um.
Diante dos números, surgem algumas perguntas: a que se deve a virada da Dilma? As intenções de voto ainda estão muito próximas e podem ser consideradas, no máximo, como empate, portanto, vai dar pra levar essa? Não vou arriscar nenhum palpite para as eleições de 2010; é um pouco desconfortável comentar politicamente o futuro, além do futuro em si. No entanto, não se pode silenciar diante de evidências.
Os números apresentados pelos institutos de pesquisa mencionados acima não permitem ir tão longe, mas não terei como fugir: está claro que o eleitorado não se incomodou em ter uma candidata mulher disputando o mais alto cargo do país. É curioso e paradoxal, como boa parte das características da cultura política brasileira, mas já é um ponto progressista a se avaliar.
Os resultados das pesquisas anunciam, cada vez mais, que o eleitorado tem elaborado com clareza que Dilma é a candidata de Lula. E isso não é inconsciente como muitos apregoam. Por esse argumento mentiroso também tentam explicar o aumento das intenções de voto na candidata do Partido dos Trabalhadores. Para muitos, a reposta está no fato de que Dilma caiu nas graças de uma classe pobre, iletrada, localizada em regiões periféricas do Brasil, muitas vezes de origem rural e, portanto, sem nenhuma consciência. Ainda não entenderam que todas as pessoas são dotadas de consciência e fazem dela o que bem entendem; que todos esses brasileiros sabem o que fazem e refletem sobre seus atos todo o tempo e escolhem Dilma justamente pelo fato de que ela representa a continuidade e a garantia dos direitos que conquistaram nos últimos oito anos.
Por isso, o povo, mais uma vez, poderá votar contra a opinião pública e eleger Dilma Presidenta da República. E aí os números de Vox Populi, CNT/Sensus ou Datafolha só tendem a aumentar mesmo.
Na foto, plenário do IV Congresso do Partido dos Trabalhadores vota pela candidatura de Dilma Rousseff (A foto é minha mesmo)
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