sábado, 20 de dezembro de 2008
"Presentes" Natalinos... Vasco larga na frente!
Brincadeiras à parte, tenho ficado assustado com as notícias do esporte bretão neste fim de ano. O troca-troca entre os principais times do brasil parece ter transformado jogadores medianos em grandes boleiros.
O Fluminense, que perdeu Júnior César para o São Paulo, parece não estar tão preocupado com a saída do lateral. Lá na capital paulista a repercussão foi bem diferente, ao ponto de iludir inclusive o grande PVC, que em seu blog destacava a contratação com o título "Júnior César no São Paulo. Mais um grande reforço". E acreditem, ele era disputado também pelo rival Palmeiras, que abriu mão do lateral Leandro.
Já o Botafogo, não deve ter lamentado muito a saída do zagueiro Renato Silva também para o São Paulo. O clube paulista, que já conta com 25 zagueiros no seu elenco, parece não estar satisfeito com os jogadores Juninho e Anderson, e decidiu reformular a reserva do setor defensivo. Novamente, PVC dizia em seu blog que era mais uma boa contratação para compor o banco do São Paulo, destacando as boas passagens de Renato Silva por Goiás e Botafogo (é mesmo???), ainda que tenha fracassado no Flamengo e no Fluminense.
O Flamengo, que está de olho na saída do bom zagueiro Anderson, está se reforçando muito bem. A grande notícia da semana foi a saída do volante Jaílton para o Vasco. Mas como na gávea as bizarrices são eternas, especula-se que o clube está tentando a contratação de Diguinho, que está de saída do botafogo. Outros nomes falados são os Carlos Alberto "Feijoada" , Adriano "Cachaça" e Zé Roberto "Cachacinha". Já vi esse filme... Mas faço uma aposta: se o Imperador cachaceiro voltar, vai dar muito samba! Ainda mais num time em que Obina é o titular!
Na contramão dessas loucuras do futebol brasileiro, algumas boas investidas. O Palmeiras, embora tenha perdido Alex Mineiro e Leandro, trouxe Marquinhos (destaque pelo Vitória) e Keirrisson. Essa, para mim, é a melhor contratação até o momento. Washington no São Paulo e Reinaldo no Botafogo (em menor importância) também foram boas contratações.
É esperar os pacotes de natal e aguardar as demais negociações para ver no que vai dar...
E se alguém me perguntar sobre a ida do Ronaldo "Fenômeno" para o Timão, a imagem abaixo diz tudo!
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Minha Homenagem ao Vasco
A História reescreve o orgulho de ser vascaíno Nélson, Mingote e Leitão; Arthur, Braulio e Nolasco; Paschoal, Pires (Dutra), Bolão, Torterolli e Negrito. Técnico: Ramón Platero. Qual a impotância desse time para a história do Vasco?
Não, não são os jogadores que venceram o Campeonato Sul-Americano de 1948, tampouco participaram de um Campeonato Brasileiro, muito menos estavam vivos para verem a América ser nossa pela segunda vez em 1998.
Esse foi o time que deu ao Vasco o título da 2ª divisão do Campeonato Carioca.
Sim, o Vasco já disputou a segundona carioca, contra potências como Palmeiras (?), Carioca (??), Mackenzie (???) e Mangueira (!).
Viemos de baixo.
Não nascemos de nariz em pé, não somos filhos da aristocracia carioca.
Somos o time dos negros, dos operários, daqueles que não podiam jogar futebol por não ter um sobrenome inglês, por não ter a pele alva européia ou simplesmente por não ter dinheiro.
Esse time de excluídos ascendeu à primeira divisão e logo em seu ano de estréia fez história, conquistou o título, arrebatou corações e deixou a elite futebolística indignada...
"Como assim um time de 'inferiores' vem jogar o nosso campeonato, nos nossos estádios e sai campeão???".
Fomos impedidos de disputar o Campeonato Carioca do ano seguinte.
Motivo alegado: não tínhamos um estádio. Motivo verdadeiro: preconceito. E eis que esse time resolve fazer história novamente.
Sua torcida se une, faz uma campanha de arrecadação e constrói em pouco tempo aquele que seria o maior estádio da América Latina até a construção do Maracanã: o Estádio de São Januário, o nosso Caldeirão. Poucos clubes no mundo podem se orgulhar de ter uma história tão bonita de luta, superação, respeito e amor.
Muito mais podemos tirar dessa nossa bela história, mas escolhi esses dois momentos pois eles não saiam da minha cabeça após o jogo contra o Vitória.
Meu sentimento é que nós, torcedores, andávamos meio adormecidos, quietos, nossa história andava esquecida no meio de tantas mazelas que assolaram nosso amado Vasco nos últimos anos.
Quis o destino que fosse preciso passar por uma provação como a que passamos nesse Campeonato para que retomássemos nossa devoção ao clube, que trouxéssemos o Vasco de volta às suas origens: o Vasco é da torcida, aquela mesma que se encantou com o time do subúrbio que não tinha estádio e que se uniu para construí-lo. Fim do jogo, Vasco rebaixado à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
Eis que o caldeirão outrora lotado vê parte do público ir embora.
Mas alguns teimavam em não sair, eu e meu pai entre eles.
Olhavam para o campo, para as arquibancadas, para a social, para a capelinha de Nossa Senhora das Vitórias, buscando no olhar do outro um conforto, uma esperança, um sentimento de irmandade.
E eis que de repente o então frio Caldeirão se ascende e o Hino que me faz arrepiar a cada vez que ouço é entoado aos milhares: VAMOS TODOS CANTAR DE CORAÇÃO, A CRUZ DE MALTA É O MEU PENDÃO!
E naquele canto, naquele orgulho de ser vascaíno, meus olhos se enchem d'água. Somos muitos, somos milhões, somos irmãos unidos no amor ao Gigante da Colina.
E naquele momento pensei nos jogadores que em 1922 escreveram um capítulo importante na gloriosa história do Clube de Regatas Vasco da Gama.
Viemos da segunda divisão e nos deparamos novamente com ela.
Nesse ano de resgates para o Vasco (o resgate da democracia, o resgate da torcida, o resgate do orgulho de ser vascaíno) não fomos rebaixados, mas sim fomos levados a revisitar uma parte esquecida de nossa história. Viemos de baixo para nos tornarmos gigantes.
E essa volta às origens certamente fará o gigante adormecido acordar ainda mais forte! E nós, torcedores, tal qual nossos predecessores da década de 20, temos a missão de reconstruir São Januário...
Que nosso Caldeirão ferva a cada jogo na dura jornada de 2009.
Que cantemos ainda mais, que vibremos ainda mais, que nos unamos ainda mais!
Que possamos juntos reconduzir o Gigante ao caminho dos títulos! Saí de São Januário com um sentimento estranho.
O Vasco fora rebaixado, mas mesmo após uma tristeza profunda eu sorri.
Não conseguia parar de pensar na nossa linda história, na luta contra o preconceito, na construção de São Januário, no amor incondicional que vi em cada olhar, em cada lágrima derramada no estádio.
E uma imagem não saía da minha cabeça: uma faixa com a frase que dá título a este texto. A história reescreve o orgulho de ser vascaíno.
E esse sentimento não pode parar nunca.
Hoje levei minha camisa do Vasco para o trabalho e pendurei na minha cadeira.
Fui jogar minha pelada devidamente uniformizado e ainda passei pela academia, sempre com a cruz no peito. E a cabeça erguida. E a cada piada, a cada comentário "você é corajoso", eu olhava pra cruz e a beijava. Reafirmava meu amor incondicional, minha certeza de que esta queda nos fará ainda mais fortes, ainda mais unidos, ainda mais vascaínos. E a cada beijo na cruz, lembrava de nossa história. E sorria.
Provavelmente me achavam louco os invejosos torcedores dos outros clubes, mas não estou nem aí.
Não há razão que explique o amor. Hoje eu olho para a cruz de malta ainda mais apaixonado por ela! Grande abraço, Francisco Kronemberger.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
sábado, 6 de dezembro de 2008
Aprovação de Lula bate novo recorde e chega a 70%, aponta Datafolha
Pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal "Folha de S. Paulo" nesta sexta-feira (5) aponta que a avaliação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, isto é, dos brasileiros que consideram o governo ótimo ou bom, chegou a 70%.
Trata-se de um novo recorde, com Lula alcançando um índice nunca atingido por outro presidente no país desde a redemocratização.
O levantamento foi feito entre os dias 25 e 28 de novembro. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidos 3.486 brasileiros com mais de 16 anos em todo o país.
Assim como na pesquisa anterior, quando Lula alcançou um recorde de 64%, o presidente teve avaliação positiva da maioria da população em todos os segmentos socioeconômicos e regiões do país.
Jovens e escolarizados
Nesta nova pesquisa Datafolha chamam a atenção o crescimento do apoio ao ao presidente Lula entre os mais jovens, os mais escolarizados e no Sudeste, com aumento de nove pontos em cada um destes itens. O Nordeste continua sendo a região com maior apoio a Lula: 81% de avaliação ótima ou boa.
Na comparação com a pesquisa anterior, a melhora na avaliação ocorreu principalmente devido à faixa de brasileiros que consideravam seu governo regular. Eram 28% em setembro, agora, são 23%. Outros 7% consideram o governo ruim ou péssimo.
Outros presidentes
O Datafolha mostra ainda qual foi a melhor avaliação de cada um dos presidentes desde Fernando Collor de Mello. Foi considerado o percentual de pessoas que considera o governo "ótimo" ou "bom". Veja abaixo:
Fernando Collor de Mello (1990-1992): 36%
Itamar Franco (1992-1994): 41%
Fernando Henrique Cardoso (1995-1998): 47%
Fernando Henrique Cardoso (1999-2002): 31%
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006): 53%
Luiz Inácio Lula da Silva (2007-2010): 70%
Com agências
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Mais uma do Emir Sader
Urubus e aspirinas
No momento da posse de Fernando Lugo, como primeiro presidente democrático do Paraguai, terminando com a ditadura de 60 anos do Partido Colorado, a revista The Economist dizia que aquele seria o último presidente de esquerda a ser eleito na América Latina. E, como urubus, afirmavam que a nova agenda trazida pela recessão – duras políticas de ajuste – e a violência dominariam a pauta política do continente e como a exploração desses temas são essencialmente de direita, voltariam governos conservadores na América Latina.
Se esqueceram que, aqui onde estou, em El Salvador, pela primeira vez a Frente Farabundo Marti é claramente favorita para eleger o jornalista Maurício Funes, presidente da República, no dia 15 de março. Erro de avaliação ou desconhecimento da revista inglesa ou tentativa de fazer dos seus desejos, realidade.
A mesma coisa acontece com os urubus da imprensa em geral. Em toda a primeira metade do ano acenaram com o risco de descontrole inflacionário, sem se dar conta da recessão, já instaurada naquele momento, na economia dos EUA, com possibilidades reais de propagação para outros países, que gera riscos de deflação, exatamente ao contrário do que diziam os urubus. Erro de avaliação ou desconhecimento ou tentativa de fazer passar seus desejos mórbidos pela realidade.
Instaurada a crise, os radicais de direita se apressam a explorar uma situação provocada pelas suas políticas, para tentarem tirar partido e enfraquecer os governos progressistas. Tentam, a cada dia, gerar um clima de pânico, dizendo que as conseqüências para nós serão terríveis, que o governo não leva em consideração seus efeitos, etc., etc., buscando gerar o caldo de cultivo para medidas conservadoras, que são tanto do seu agrado.
Obsesionados pelos clichês que formam sua visão de mundo, não conseguem perceber o que há de novo. Pela primeira vez há uma profunda crise na economia dos EUA e da Europa, mas a economia brasileira não quebra. Os efeitos da crise se revelam muito mais fortes nos países que a geraram, do que aqui.
Os governos progressistas buscam minimizar as conseqüências da crise, tratando de evitar que se propague a recessão, porque sabem que ela afeta sua necessidade de suas economias de seguir crescendo e expandindo suas políticas sociais. A diversificação do comércio internacional, o aumento do comércio interegional e com o sul do mundo, a grande expansão do mercado interno, assim como a significativa diminuição do comercio com os EUA – são os elementos que possibilitam mecanismos de defesa dos países da região que privilegiam os processos de integração regional. Ao contrário, um país como o México, que assinou Tratado de Livre Comércio com os EUA (e o Canadá), fez com que tenha 90% do seu comércio com seu vizinho do norte e agora, diante da profunda e prolongada crise da economia norte-americana, sofrerá de maneira dura e direta os efeitos dessa dependência.
Os urubus continuam com sede de carniça. Querem que a crise - gerada pelo modelo que eles pregaram como o ideal e aplicaram durante duas décadas e agora se revela a fonte essencial da crise – leve à derrota dos governos atuais na America do Sul, que volte a direita, que os representa politicamente. Que as economias da região entrem em recessão, que as políticas sociais não possam ser levadas adiante, que os governos percam apoio, que volte a direita.
Enquanto isso, tem que tomar muita aspirina, para agüentar o sucesso de Evo Morales, de Rafael Correa, de Lula, de Hugo Chávez, que abatem os urubus no vôo.
Postado por Emir Sader às 11:28
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Os discos mais caros do mundo
corrida de 100m
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Sobre a crise internacional
Marcio Pochmann: Menos Estado e má repartição da riqueza: as razões da crise |
em 27/11/2008 |
Artigo publicado originalmente no Valor Econômico (27/11) |
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
20 anos do SUS
|
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Mais um texto da Carta Maior
Mais uma importante reflexão do professor Emir Sader, agora sobre o PT. Boa leitura.
EMIR SADER
"PT envelheceu internamente e precisa se revigorar"
O impulso inicial que deu vida ao PT e desembocou no governo Lula, se esgotou. O dinamismo, a referência hoje está no governo e não no PT. Este precisa revigorar-se social e ideologicamente, para voltar a desempenhar um papel importante no campo político e ideológico do país, que tem na conjuntura já aberta da sucessão presidencial a maior das suas batalhas contemporâneas. A análise é de Emir Sader.
Emir Sader
O PT foi a maior esperança da esquerda brasileira – e talvez mundial, em um momento de esgotamento da esquerda tradicional. Depois de mais de duas décadas de existência, desembocou no governo Lula que, medido pela imagem ideológica que o partido tinha na sua fundação ou que exibiu na sua primeira década de vida, seria irreconhecível.Não se trata agora de fazer uma breve história do partido e saber onde aquele fio original foi cortado e outro perfil foi se desenhando. Certamente ele tem a ver com a projeção da imagem de Lula, por cima e, de certa forma, de maneira independente do partido. Trata-se agora de tentar entender a situação em que se encontra o partido – paradoxalmente com um perfil político extremamente baixo, quando Lula exibe níveis recordes de apoio, de 80%. Em suma, o sucesso do governo não é o sucesso do PT, que ainda não saiu das duas crises que o envolveram nos últimos anos.
O PT sofreu dois duros golpes desde a vitória de Lula, em 2002. O primeiro, o perfil assumido pelo governo, com Palocci funcionando quase como um primeiro-ministro e impondo uma hegemonia neoliberal e continuísta ao governo. Tal como havia se configurado na parte final e decisiva da campanha eleitoral, se constituiu em torno de Lula um núcleo dirigente do governo, que tinha em dois dos arquitetos da vitória – Palocci, com a Carta aos brasileiros, e Duda, com o “Lulinha, paz e amor” -, referências fundamentais.
Palocci dava a linha geral, manejava os recursos, impunha – até mesmo a Lula – o discurso geral do governo. O PT presenciou tudo isso, ferido pela crise de expulsão e posterior saída de outros de seus membros, impotente. Não conseguir defender a reforma da previdência, que atentava contra tudo o que havia defendido, nem as orientações econômicas do duo Palocci-Meirelles, se defendia das posições de ultra-esquerda, que prenunciavam um caminho de isolamento, sectarismo e derrota.
Pouco tempo depois, quando o governo ainda não decolava, veio a chamada “crise do mensalão”, em um momento em que o partido ainda não tinha se refeito da primeira crise. Foram os piores anos da história do PT – 2003-2005. A imagem do partido foi revertida de partido ético, da transparência, para partido vinculado a negociatas e à corrupção, uma reversão da qual não conseguiu e dificilmente conseguirá sair. Apesar das eleições internas, que recuperaram um pouco da auto-estima, sem forjar uma nova direção com capacidade de redefinir o papel do PT e suas relações com o governo.
Lula e o governo se safaram da crise a partir dos efeitos das políticas sociais que se fortaleceram com as mudanças dentro do governo – especialmente a queda de Palocci e o enfraquecimento das suas orientações dentro do governo – e com o papel dinâmico que Dilma Rouseff passou a imprimir nas ações governamentais.
Mas, de alguma maneira o governo se safou com a crise exportada para o PT. A imagem que ficou foi a de que “os petistas” haviam cometido graves erros, que quase comprometeram irremediavelmente o governo Lula. E as acusações sobre José Dirceu e sobre os principais dirigentes partidários confirmavam essa versão. E o baixo perfil das direções posteriores, tanto a que foi eleita no PEC, quanto posteriormente pelo Congresso, foram na mesma direção, pelo baixo perfil dessas direções, pela falta de capacidade de iniciativa política e de mobilização da própria militância do PT.
O Congresso, ao invés de um grande balanço do primeiro governo de esquerda, conquistado ao longo das lutas de toda a história do PT, acabou sendo mais um acerto de contas entre as tendências sobre a crise do partido. Criticas à política econômica reafirmaram certo grau de independência diante do governo, mas em geral a avaliação deste e, sobretudo, as propostas para o segundo governo, não foram o centro do Congresso, desperdiçado para recuperar a capacidade de ação do PT.
No entanto, os problemas vêm de mais atrás e são mais profundos. A via moderada escolhida pelo PT já se assentava numa perda do peso da militância jovem e da militância social, marcante já no Congresso de 2000, realizado em Pernambuco. O partido perdeu capacidade de empolgar e mobilizar os que lutam ou poderiam ser despertados para a luta por um outro país, por “um outro mundo possível”. Uma parte destes trabalham em torno do MST ou de outros movimentos sociais, outros permanecem no PT, mas sem ímpeto de ação. O envelhecimento interno do partido é óbvio, não apenas na idade dos seus membros, mas também na falta de idéias, de criatividade, de alegria, de encarar os novos desafios com um rico e pluralista debate interno.
É como se o PT estivesse ainda sofrendo os efeitos de uma quase morte da experiência de governo, tivesse se safado por pouco, mas tivesse exaurido suas energias na sobrevivência, não voltando a ganhar ímpeto, criatividade, iniciativa, capacidade de liderança e, principalmente, de mobilização de novas camadas.
A elaboração de uma plataforma pós-neoliberal e o apoio decidido à organização das bases sociais pobres que apóiam substancialmente ao governo Lula – se constituem nas duas maiores tarefas que o PT tem que enfrentar, para se renovar, se revigorar. Encarar frontalmente o tema da plataforma com que vai lutar para o governo posterior ao de Lula e recompor suas bases sociais de apoio, na direção das grande massas do nordeste e das periferias das grandes metrópoles – onde residem os imensos bolsões de pobreza beneficiados pelas políticas sociais do governo – para reconquistar energia, capacidade de luta, de mobilização.
Porque o impulso inicial, o que deu vida ao PT e desembocou no governo Lula, se esgotou. O dinamismo, a referência hoje está no governo e não no PT. Este precisa revigorar-se social e ideologicamente, para voltar a desempenhar um papel importante no campo político e ideológico do país, que tem na conjuntura já aberta da sucessão presidencial a maior das suas batalhas contemporâneas. É uma nova grande possibilidade para o PT, onde se disputa o futuro do Brasil na primeira metade do século – na consolidação, correção de rumos, aprofundamento das linhas progressistas do governo atual ou no catastrófico retorno do bloco de direita ao governo.
O papel do PT será essencial se assumir a luta pelo cumprimento desses dois objetivos essenciais: formulação da plataforma pós-neoliberal para a campanha de 2010 e trabalho duro na organização das grandes camadas pobres que dão sustentação ao governo Lula.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Ainda sobre a tortura
DEBATE ABERTO
Em seu devido lugar
Para o jornalismo da revista Veja, aparentemente, 4000 assassinatos e milhares de sessões de tortura talvez justifiquem a punição de seus responsáveis, mas 400 mortes e poucas centenas de sessões de sadismo, não.
Marcelo da Silva Duarte
Ao menos duas falácias históricas e uma analogia bizarra falseiam a compreensão da idéia de revisão do princípio da Lei da Anistia apresentada por "Questão fora de lugar - A idéia de revisar o princípio da Lei da Anistia revela a falta de foco do ministro da Justiça", reportagem de Diogo Schelp para a revista Veja (12/11/2008).
"Quinze anos depois da instauração do regime militar no Brasil", afirma Schelp, "generais e opositores chegaram a um acordo que permitiria iniciar o processo de abertura política, sem maiores solavancos". Tal acordo "foi a Lei da Anistia, assinada em 1979". Para que tal entendimento fosse amplo, geral e irrestrito, continua Schelp, "e não parcial, como queria boa parte da caserna -, reuniram-se políticos, estudantes e trabalhadores naquele que foi o primeiro movimento coordenado da sociedade civil depois do golpe de 1964. Graças à anistia, conquista intensamente festejada por todos os democratas, puderam voltar ao país ou sair da clandestinidade José Serra, Fernando Gabeira, Leonel Brizola, José Dirceu e Franklin Martins, entre outros exilados ilustres e nem tanto".
Embora, de fato, o movimento pela anistia representasse o grosso das entidades envolvidas na luta pela cidadania, Schelp parece considerar uma questão menor o fato de que o projeto encaminhado pelos militares ao Congresso, em junho de 1979, atendia apenas parte do apelo das entidades abrigadas sob o Comitê Brasileiro pela Anistia, uma vez que desavergonhadamente (i) favorecia os militares, incluindo aqueles responsáveis pelas práticas de tortura, e (ii) de sua amplitude excluía os condenados por "terrorismo". Não foi, inclusive, sem muita mobilização popular no dia da votação da referida lei, em Brasília, que a anistia foi estendida aos civis. A aparente harmonia entre os interesses das partes em negociação sugerida pela reportagem, portanto, parece jamais ter existido, já que a vontade dos militares era anistiar unicamente os torturadores e manter em porões os torturados, considerados como "terroristas".
A pacificação interna da qual se ufana Schelp foi, na verdade, o melhor que poderia ser obtido pela sociedade diante das circunstâncias, a saber, diante de uma ditadura, por definição um regime totalitário onde não há espaço para negociação exatamente porque há imposição. Se Schelp não tem claro tal conceito é um problema dele, mas daí não se segue que a menos pior dentre determinadas alternativas faça justiça com a história.
Principalmente com a história de quem não esteve presente no ato de pacificação que a reportagem incensa. Entre os "generais e opositores" -"políticos, estudantes e trabalhadores" - que chegaram a um acordo não estavam os assassinados pela democrática ditadura de Schelp. Talvez eles também quisessem ser ouvidos a respeito de como se sentiram minutos antes de serem mortos, logo após algumas semanas de tortura. E embora essa também pareça uma questão menor aos olhos da reportagem, uma vez que mortos não falam, seria interessante saber se todos os assassinados e torturados pela ditadura militar brasileira concordariam que o princípio da Lei da Anistia é irrevisável em função de ter sido o fruto harmônico de uma democrática discussão.
O que Schelp parece ignorar é que aquilo que toma como princípio da Lei da Anistia, "a saber: o perdão a todos os cidadãos acusados de cometer crimes políticos", ou seja, sua amplitude, é uma falácia que - harmonicamente, ao menos em sua visão - subsume duas verdades históricas irreconciliáveis. Só faríamos justiça com nossa memória se exclusivamente fosse considerado crime político todo aquele ato praticado contra o aviltamento da democracia patrocinado pela caserna, e jamais aqueles praticados contra esse justo e legítimo direito de sublevação cidadã pelo Exército, o único criminoso durante a recente ditadura militar brasileira. O direito ao exercício da repressão oficial, obtido injusta e ilegitimamente pelos militares a partir do golpe antidemocrático de 1964, exercido a todo vapor contra um legítimo e justo direito à sublevação, portanto, jamais poderia ser considerado crime político ou conexo a crime político, uma vez que praticado ao arrrepio da ordem democrática vilipendiada pelos próprios militares.
"Quando um povo é obrigado a obedecer e o faz - disse Jean Jacques Rousseau em seu “Do Contrato Social” - age acertadamente; assim que pode sacudir esse jugo e o faz, age melhor ainda, porque, recuperando a liberdade pelo mesmo direito por que lha arrebataram, ou tem ele o direito de retomâ-la ou não o tinham de subtraí-la".
Em seu socorro, Schelp parece avalizar tese recentemente abraçada por Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual "embora tortura e terrorismo sejam imprescritíveis, nada impede que tais práticas sejam anistiadas", que de modo logicamente estabanado distribui um mesmo sentido de imprescritibilidade entre fatos históricos contrários do ponto de vista contextual. Não contava, porém, com um tiro no pé: se da imprescritibilidade dos crimes de tortura e terrorismo não se segue que não sejam anistiáveis, então da amplitude principiológica da Lei da Anistia não se segue sua irrevisibilidade. Nada impede, por conseguinte, que o princípio da Lei da Anistia seja revisado, embora amplo, geral e irrestrito.
Schelp também sofisma ao afirmar que "os terroristas de esquerda que mataram, roubaram, seqüestraram e mutilaram (...) lutavam pela implantação de uma ditadura comunista". Donde, por conseguinte, a legitimidade da repressão oficial e a impossibilidade de inocentá-los sem, simultaneamente, inocentar seus torturadores. Entretanto, do fato da uma das estratégias da resistência armada ter priorizado o foco revolucionário não se segue que toda resistência lutava pela implementação do embrião comunista. A tortura contra a resistência, porém, longe de qualquer sofisticação lógico-semântica, de sua parte correu ampla, geral e irrestrita.
Todavia, se ele também acredita que as reformas de base propostas pelo governo João Goulart culminariam com a implantação de um regime totalitário comunista no Brasil e que Leonel Brizola recebeu dinheiro de Cuba para financiar a luta armada contra a ditadura, então sim, a resistência cidadã lutava pela implementação de uma ditadura comunista. Porém, se Schelp não aprendeu história em colégios militares, então ao menos deveria saber que a resistência cidadã não lutava pela implementação de uma ditadura, mas sim pela democracia e pela liberdade exatamente contra uma ditadura.
Graças a essa luta é que hoje Schelp pode dar sua opinião sobre sua própria história e a falta de foco do ministro da Justiça, porém sem correr o risco de ser torturado por isso.
Schelp finaliza afirmando que "Argentina e Chile optaram por revogar suas leis de anistia e deram andamento à punição de alguns dos responsáveis pelos crimes de suas ditaduras", mas ressalva que o acerto de contas de argentinos e chilenos com seus torturadores e assassinos se trata de "situações distintas da do Brasil, onde a magnitude da repressão foi bastante inferior".
Ou seja, o direito de punir responsáveis por crimes cometidos por ditaduras parece ser diretamente proporcional à magnitude da repressão que os autorizou a torturar e assassinar seus semelhantes. Quanto maior a repressão, maior o direito de puni-los; porém, se a repressão não foi assim tão ampla, então esse direito parece sequer fazer sentido. Ora, isso parece implicar, na escala moral de Schelp, que punir tanto a morte quanto a tortura é eticamente irrelevante todas as vezes que a magnitude de uma repressão for inferior a um determinado padrão opressor. Resta sabermos, porém, quem o estabelece e de que forma funciona. Para o jornalismo da revista Veja, aparentemente, 4000 assassinatos e milhares de sessões de tortura talvez justifiquem a punição de seus responsáveis, mas 400 mortes e poucas centenas de sessões de sadismo, não.
Foco parece não faltar ao repórter da Veja. Mas Diogo Schelp, infelizmente, é um homem sem memória.
* Mestrando em filosofia. Mantém o blog www.laviejabruja.blogspot.com
sábado, 22 de novembro de 2008
Mais uma do Emir
21/11/2008
A crise da extrema esquerda
Os resultados das eleições municipais vieram corroborar o que o cenário político nacional já permitia ver: o esgotamento do impulso da extrema esquerda, que tinha sido relançada no começo do governo Lula. A votação em torno de 1% de dois dos seus três parlamentares, candidatos a prefeito em São Paulo e no Rio de Janeiro, com votações significativamente menores do que as que tiveram como candidatos a deputados, sem falar na diferença colossal em relação à candidata à presidência, apenas dois anos antes – são a expressão eleitoral, quantitativa, que se estendeu por praticamente todo o país, do esgotamento prematuro de um projeto que se iniciou com uma lógica clara, mas esbarrou cedo em limitações que o levam a um beco difícil, se não houver mudança de rota.
A Carta aos Brasileiros, anunciando que o novo governo não iria romper nenhum compromisso – nesse caso, com o capital financeiro, para bloquear o ataque especulativo, medido pelo “risco Lula” -, a nomeação de Meirelles para o Banco Central e a reforma da previdência como primeira do governo – desenharam o quadro de decepção com o governo Lula, que levaria à saída do PT de setores de esquerda. A orientação assumida pelo governo inicialmente, em que a presença hegemônica de Palocci fazia primar os elementos de continuidade com o governo FHC sobre os de mudança – estes recluídos basicamente na política externa diferenciada e em setores localizados – e a reiteração de um governo estritamente neoliberal davam uma imagem de um governo que era considerado pelos que abandonavam o PT, como irreversivelmente perdido para a esquerda.
O dilema para a esquerda era seguir a luta por um governo anti-neoliberal dentro do PT e do governo ou sair para reagrupar forças e projetar a formação de uma nova agrupação. Naquele momento se cogitou a constituição de um núcleo socialista, dos que permaneciam e dos que saíam do PT, para discutir amplamente os rumos a tomar. Não apenas cabia uma força à esquerda do PT, como se poderia prever que ela seria engrossada por setores amplos, caso a orientação inicial do governo se mantivesse.
Dois fatores vieram a alterar esse quadro. O primeiro, a precipitação na fundação de um novo partido – o Psol -, com o primeiro grupo que saiu do PT – em particular a tendência morenista – passando a controlar as estruturas da nova agremiação. Isto não apenas estreitou organizativamente o novo partido, como o levou a posições de ultra-esquerda, responsáveis pelo seu isolamento e sectarização. A candidatura presidencial nas eleições de 2006 agregou um outro elemento ao sectarismo, que já levaria a uma posição de eqüidistância em relação ao governo Lula. O raciocínio predominante foi o de que o governo era o melhor administrador do neoliberalismo, porque além de mantê-lo e consolidá-lo, o fazia dividindo e confundindo a esquerda, neutralizando a amplos setores do movimento de massas. Portanto deveria ser derrotado e destruído, para que uma verdadeira esquerda pudesse surgir. O governo Lula e o PT passaram a ser os inimigos fundamentais da nova agrupação.
Esse elemento favoreceu a aliança – já desenhada no Parlamento, mas consolidada na campanha eleitoral – com a direita – tanto com o bloco tucano-pefelista, como com a mídia oligárquica -, na oposição ao governo e à reeleição de Lula. A projeção midiática benevolente da imagem da candidata do Psol lhe permitia ter mais votos do que os do seu partido, mas comprometia a imagem do partido com uma campanha despolitizada e oportunista, em que a caracterização do governo Lula não se diferenciava daquela feita na campanha do “mensalão”. Como se poderia esperar, apesar de algumas resistências, a posição no segundo turno foi a do voto nulo, isto é, daria igual para o novo partido a vitória do neoliberal duro e puro Alckmin ou de Lula. (Se tornava linha nacional oficial o que já se havia dado nas primeiras eleições em que o Psol participou, as municipais, em que, por exemplo, em Porto Alegre, diante de Raul Pont e Fogaça, no segundo turno, se afirmou que se tratava da nova direita contra a velha direita e se decidiu pelo voto nulo.)
Uma combinação entre sectarismo e oportunismo foi responsável pelo comprometimento da orientação política do novo partido, que o levou a perder a possibilidade de formação de um partido à esquerda do PT, que se aliasse a este nos pontos comuns e lutasse contra nos temas de divergência. O sectarismo levou a que sindicatos saíssem da CUT, sem conseguir se agrupar com outros, enfraquecendo a esquerda da CUT e se dispersando no isolamento. Levou a que os parlamentares do Psol votassem contra o governo em tudo – até mesmo na CPMF – e não apoiassem as políticas corretas do governo – como a política internacional, entre outras. Esta se dá porque o governo brasileiro tem estreita política de alianças com as principais lideranças de esquerda no continente – como as de Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia -, que apóiam o governo Lula, o que desloca completamente posições de ultra-esquerda – que se reproduzem de forma similar a dessa corrente no Brasil nesses países -, deixando de atuar numa dimensão fundamental para a esquerda – a integração continental.
Por outro, o governo Lula passou a outra etapa, com a saída de vários de seus ministros, principalmente Palocci, conseguindo retomar um ciclo expansivo da economia e desenvolvendo efetivas políticas de distribuição de renda, ao mesmo tempo que recolocava o tema do desenvolvimento como central – deslocando o da estabilidade, central para o governo FHC -, avançando na recomposição do aparelho do Estado, melhorando substancialmente o nível do emprego formal, diminuindo o desemprego, entre outros aspetos.
A caracterização do governo Lula como expressão consolidada do neoliberalismo, um governo cada vez mais afundado no neoliberalismo – reedição de FHC, de Menem, de Carlos Andrés Perez, de Fujimori, de Sanchez de Losada – se chocava com a realidade.
Economistas da extrema esquerda continuaram brigando com a realidade, anunciando catástrofes iminentes, capitulações de toda ordem, tentando resgatar sua equivocada previsão sobre os destinos irreversíveis do governo, tentando reduzir o governo Lula a uma simples continuação do governo FHC, reduzindo as políticas sociais a “assistencialismo”, mas foram sistematicamente desmentidos pela realidade, que levou ao isolamento total dos que pregam essas posições desencontradas com a realidade.
O isolamento dessas posições se refletiu no resultado eleitoral, em que todas as correntes de ultra-esquerda ficaram relegadas à intranscendência política, revelando como estão afastadas da realidade, do sentimento geral do povo, dos problemas que enfrenta o Brasil e a América Latina. As políticas sociais respondem em grande parte pelos 80% de apoio do governo,rejeitado por apenas 8%. Para a direita basta a afirmação do “asisistencialismo” do governo e da desqualificação do povo, que se deixaria corromper por “alguns centavos”, mas a esquerda não pode comprá-la, por reacionária e discriminatória contra os pobres.
Confirmação desse isolamento e de perda de sensibilidade e contato com a realidade é que não se vê nenhum tipo de balanço autocrítico, sequer constatação de derrota da parte da extrema esquerda. Se afirma que se fizeram boas campanhas, não importando os resultados, como se se tratassem de pastores religiosos que pregam no deserto, com a consciência de que representam uma palavra divina, que ainda não foi compreendida pelo povo. (Marx dizia que a pequena burguesia sofre derrotas acachapantes, mas não se autocrítica, não coloca em questão sua orientação, acredita apenas que o povo ainda não está maduro para sua posições, definidas essencialmente como corretas, porque corresponderiam a textos sagrados da teoria.)
Não fazer um balanço das derrotas, não se dar conta do isolamento em que se encontram, da aliança tácita com a direita e das transformações do governo Lula – junto com as da própria realidade econômica e social do país –, da constatação do caráter contraditório do governo Lula, que não deveria ser se inimigo fundamental revelariam a perda de sensibilidade política, o que poderia significar um caminho sem volta para a extrema esquerda. Seria uma pena, porque a esquerda brasileira precisa de uma força mais radical, que se alie ao PT nas coincidências e lute nas divergências, compondo um quadro mais amplo e representativo, combinando aliança a autonomia, que faria bem à esquerda e ao Brasil.
Postado por Emir Sader às 05:25
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Câmara aprova cota de 50% para alunos do ensino público nas universidades federais
Parte destas vagas terá de ser preenchida por estudantes negros e indígenas, de acordo com o percentual desses grupos na população do Estado em que está a instituição de ensino. Para tanto, serão considerados os dados do último Censo do IBGE.
Um acordo entre os parlamentares também incluiu um critério social no sistema de cotas. Assim, 25% das vagas reservadas serão destinadas para aqueles que, além de terem estudado em escolas públicas, sejam de famílias com renda de até um salário mínimo e meio por pessoa (cerca de R$ 620).
Para entrar em vigor, a lei, que também garante cotas para os cursos técnicos profissionalizantes de nível técnico, ainda precisa de aprovação do Senado.
Vitória do governo
A lei contempla proposta do governo federal que, na Comissão de Educação da Câmara, a partir de substutivo apresentado pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT), teve incorporada outros projetos de teor similar já em tramitação na Casa.
Segundo o texto, as universidades têm quatro anos para se adaptar ao sistema de cotas, que também pode ser aplicado pelas instituições privadas de ensino. O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), acredita que o projeto será capaz de melhorar as condições de acesso dos mais pobres às universidades públicas e eliminar diferenciações raciais.
“O projeto revoluciona o acesso ao ensino público superior no país. A Câmara hoje marca uma mudança na historia do acesso ao ensino publico superior”.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
banho quente
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Tomara que essa moda não pegue...
domingo, 16 de novembro de 2008
Emir Sader esculhamba mídia brasileira
Notícias que a mídia deve à verdade
Se a mídia fosse pagar suas dívidas com a verdade, teria que dar notícias como as seguintes, entre tantas outras. Mandem as de vocês.
FSP (Força Serra Presidente): TAM ASSASSINOU 140 PESSOAS EM CONGONHAS
Corrigimos assim comentário publicado na primeira página do jornal, em que se dizia que “O governo Lula assassinou 140 pessoas em Congonhas”, porque o relatório oficial e final sobre o acidente aponta os erros da companhia como os responsáveis pelo acidente.
Clóvis Rossi e Eliane Catanhede: Os colunistas renunciaram a seus postos de trabalho, sem indenização, confessando que as penas tucanas tinham nublado sua visão, impedindo-lhes de ver como o mundo mudou, como passaram a representar as elites dos jardins de São Paulo, considerando que eram as fronteiras do Brasil. Vão se dedicar a outras atividades, que não prejudiquem o interesse do país.
Otávio Frias Filho: “Renuncio ao cargo que herdei do meu pai, pela única razão de ser filho dele e herdeiro da empresa da família, vou mandar embora todos os amigos que coloquei na redação e convocar eleição entre os outros para eleger algum jornalista de carreira e mérito próprio, para tentar recuperar o prestígio – tão decaído – do jornal, que já teve o Claudio Abramo e que agora está cheio de Fernandinhos, que elogiam minhas camisas.”
O GLOBO: HERDEIROS DE ROBERTO MARINHO DECIDEM HOJE SE VENDEM OS JORNAIS, A TELEVISÃO OU AS RADIOS
Reconhecendo que a concentração de propriedade cruzada é um fator de imensa monopolização e atenta contra a liberdade e a diversidade de expressão, a família Marinho decide acatar o que até as leis dos EUA definem: a proibição de propriedade por um mesmo grupo de mídias televisivas, escritas e radiais no mesmo estado.
Miriam Leitão: “ACREDITEI NO MERCADO E ELE ME TRAIU”
“Confesso que me equivoquei profundamente – por razões que vem ao caso, mas prefiro omitir - em todas as análises ao longo de todos os anos, que acreditei em Pedro Malan, em FHC, em Alan Greenspan, no FMI, nos bancos e instituições financeiras internacionais, no Consenso de Washington, faço autocrítica, renuncio a meus vários empregos na imprensa e prometo estudar economia, história, sociologia, política, antropologia, ética, antes de retomar qualquer emprego público. Doarei parte de meu vasto pecúlio acumulado na mídia e nas conferências feitas para empresários, para um fundo sindical para defesa do nível de emprego. E prometo ler o Zé Simão todos os dias, me chamando de Miriam Porcão, porque eu mereço.”
TV GLOBO PEDE DESCULPAS ÀS VÍTIMAS DO ACIDENTE AÉREO DA GOL NA AMAZÔNIA E CONFESSA QUE ESCONDEU A NOTÍCIA PARA PODER DAR MAIOR DESTAQUE À UMA DENUNCIA CONTRA A CANDIDATURA DE LULA, COM O INTUITO ELEITORAL DE LEVAR SEU CANDIDATO PREFERIDO, ALCKMIN, AO SEGUNDO TURNO.
O ESTADÃO CONFESSA: TENTAMOS, AO LONGO DE TODA SUA EXISTÊNCIA, FAZER PREDOMINAR OS INTERESSES DE SÃO PAULO SOBRE OS DO RESTO DO BRASIL – QUE SEMPRE CONSIDERAMOS “RESTO” – COERENTES COM O MOVIMENTO SEPARATISTA DE 1932. APOIAMOS O GOLPE MILITAR, COMO TODOS OS OUTROS JORNAIS, PUBLICAMOS AS VERSÕES MENTIROSAS DA DITADURA SOBRE AS CONDIÇÕES DA MORTE DOS OPOSITORES, SEMPRE ESTIVEMOS COM A DIREITA. DESCULPEM.
Dora Kramer: “O povo tem razão: FHC foi o pior presidente que o Brasil já teve. Eu me deixei iludir por razões que prefiro não expressar aqui.”
VEJA: DESCULPAS AOS LEITORES, AO PT E AO POVO CUBANO, POR NOSSA CAPA ENGANOSA DE QUE A CAMPANHA DO LULA TERIA SIDO FINANCIADA COM DINHEIRO CUBANO. COMO RECOMPENSA, VAMOS FAZER MATÉRIA DE CAPA SOBRE A SAUDE PÚBLICA CUBANA.
Postado por Emir Sader às 10:34
Gilson Caroni batendo no Gilmar Mendes
Artigo publicado originariamente na Carta Maior
Ao afirmar que “terrorismo também é crime imprescritível”, em alusão aos que participaram da luta armada contra o regime de 64, o ministro demonstrou que segue a semântica da ditadura militar. Um olhar menos indulgente sobre a ditadura lhe permitiria ver um regime que tinha como metodologia o terrorismo de Estado.
Gilson Caroni Filho
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, tem se notabilizado por um sentimento de urgência no que julga ser seu principal papel como magistrado: dar sustentação jurídica às teses da oposição parlamentar e seu braço midiático no combate ao governo Lula. Mas o faz de forma tão atabalhoada que constrange até mesmo os “bons companheiros”.
Mendes tem sido alvo de crítica até de contumazes articulistas da grande imprensa, uma vez que o primarismo de suas manifestações desnuda, e expõe ao ridículo, uma estratégia traçada para se manter ativa até 2010. Não foi por outro motivo que o jornalista Elio Gaspari, conhecido pelo antipetismo raivoso, escreveu em sua coluna, na Folha de São Paulo, do último domingo:
“O ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, precisa decidir qual é seu lugar no estádio. Ele pode ficar na tribuna de honra, de toga, lendo votos capazes de servir de lição. Pode também vestir as camisas dos times de sua preferência, indo disputar a bola no gramado. Não pode fazer as duas coisas”.
O alerta de Gaspari se respalda na experiência de quem conhece o jogo e tem noção mais acurada do "timing" exigido. Sabe que um juiz que emite prejulgamentos sobre processo em que terá que se manifestar oficialmente se expõe à perda de legitimidade. A judicialização da política guarda similitudes profundas com o noticiário editorializado. E a afinidade de dois campos distintos, quando se torna muito evidente, produz estragos consideráveis para os objetivos das forças conservadoras.
Ao afirmar que “terrorismo também é crime imprescritível”, em alusão aos que participaram da luta armada contra o regime de 64, o ministro demonstrou que segue a semântica da ditadura militar que recomendou aos jornais da grande imprensa a classificação de “terroristas” a todas as ações armadas praticadas por guerrilheiros. Em questão, além da isenção do presidente do Supremo, está seu embasamento conceitual sobre terrorismo.
Diante da confusão, é preciso discutir o que se entende como terror. Afinal, a resistência armada contra a opressão é admitida até pela Carta de Direitos Humanos da ONU. Qual a diferença disso em relação a atos terroristas tal como são definidos pelo direito internacional?
Como indagou o jornalista Cid Benjamim, em artigo publicado em 2001, no Jornal do Brasil, ”teria sido Marighella um terrorista, tal como os autores dos atentados nos Estados Unidos? Teria sido Lamarca um terrorista? E os sandinistas, que derrubaram a ditadura de Somoza? Estadistas hoje respeitados, que lideraram revoluções armadas – como Fidel Castro, por exemplo – foram também terroristas? E os combatentes da Resistência Francesa, também eram eles terroristas?”
Seria interessante o presidente da mais alta corte do país ser apresentado aos protocolos das convenções de Genebra, onde não se confunde terrorismo com direito à resistência, pois neste "não se verifica a intenção de intimidação da sociedade, mesmo porque o que se pretende com o exercício de tal prerrogativa é exatamente o maior apoio possível da maioria da sociedade em favor da causa patrocinada”.
Um olhar menos indulgente sobre a ditadura de 1964 lhe permitiria ver um regime que tinha como metodologia o terrorismo de Estado. Altos comandantes militares fortaleciam e protegiam da vista da opinião pública e da precária justiça existente - com represálias e censuras - os centros de torturas e seus protagonistas mais conhecidos, como o falecido delegado Sérgio Fleury.
Com o governo Médici, o aparato repressivo chegou ao auge com a criação da Operação Bandeirantes. Ler sobre o caso Parasar, capitaneado pelo brigadeiro João Paulo Burnier, para que o serviço de salvamento da FAB entrasse na repressão política, matando ou jogando no alto-mar os corpos dos opositores políticos, talvez servisse como bom exercício de reflexão para Gilmar Mendes. Quem sabe contextualizando a tortura, o ministro não se dê conta de que anistiar quem a praticou seja defender o real terrorismo? É isso que a sociedade espera do judiciário brasileiro? Que se torne uma instituição típica de países conhecidos pela violação de direitos humanos?
Talvez seja o caso de recomendar ao ministro a leitura de “Eros e Civilização”. Nele, Herbert Marcuse afirma categoricamente:
“Esquecer é também perdoar o que não seria perdoado se a justiça e a liberdade prevalecessem. Esse perdão reproduz as condições que reproduzem injustiça e escravidão: esquecer o sofrimento passado é perdoar as forças que o causaram - sem derrotar essas forças”.
É disso que se trata. Ou acertamos nossas contas com o passado - e desse acerto reunimos condições para avançar - ou ficamos refém de um simulacro de democracia.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro.